O caminho em busca da verdade nem sempre é fácil, porém, cumprindo os mais elementares preceitos jornalísticos, essa Gazeta, não se intimidou em buscar a informação fora do vicioso circulo das fontes oficiais.Desde o anúncio do nome de Oscar Gonçalves do Rosário, como o suspeito e réu confesso da morte da menina Gabrielli Cristina Eichholz, de apenas 1 ano e 6 meses, feito na chuvosa noite do dia 12 de março de 2007, na Delegacia Regional de Joinville, muitos caminhos foram percorridos na busca de indícios mais fortes do que a frágil confissão, que conforme o próprio acusado, foi arrancada com métodos pouco convencionais.
Entretanto, o que foi encontrado ao refazer o caminho inverso da suposta investigação, muito se diferenciou do crime que outros veículos de comunicação insistiam em afirmar existir.
Que imprensa é essa?
Foram radialistas enfurecidos, que ao ver a credibilidade do amigo delegado ser colocada a prova, realizaram precipitados julgamentos. Houve também jornalistas apoiados em convicções pessoais, além de promotores que incansavelmente tentaram dar veracidade a uma comprovada farsa, muitas vezes servindo de assessores de imprensa dos colegas de profissão.
Repórteres que contribuíram para que a injustiça ganhasse corpo, quando de suas confortáveis redações se limitavam a reproduzir apenas aquilo que chegava pelo telefone, ora da polícia, ora de promotores. Monstro, foi apenas um dos adjetivos atribuídos por alguns radialistas ao pedreiro Oscar Gonçalves do Rosário, que ficou injustamente privado de sua liberdade por três anos e treze dias.
Ao sabor do vento
Com isso, não apenas Oscar sofreu, mas, sua família e toda uma sociedade que viu ameaçada não somente a liberdade de um rapaz pobre, e sim a sua própria.
No entanto, o pejorativo “monstro”, se adequaria melhor aos que deliberadamente utilizam os microfones para sustentar a mentira e atacar a verdade sem qualquer compromisso com a ética que o meio requer.
São profissionais que mancham o jornalismo com uma ignorância sem precedentes na história da imprensa joinvilense.
Felizmente, o desfecho desse caso mostrou que a verdadeira justiça permanece cega e não se curva a factóides criados para desviar a atenção da verdade.
Como um barco a deriva, que navega conforme a direção do vento, muitos dos que condenavam Oscar, perceberam a proximidade do julgamento e entenderam que o surgimento da verdade seria irreversível, lançaram-se então ao sabor do vento e apressaram-se em suavizar suas palavras em relação ao humilde pedreiro.
Iniciativa tardia, pois, o comodismo e conivência demonstrados ao longo do caso, cortaram fundo a carne de quem foi arrancado do interior de sua casa e jogado em uma cela sem uma prova sequer que justificasse a materialidade de um crime nascido a fórceps. E que essas cicatrizes que jamais serão removidas, ao menos sirvam para reavivar a memória quando outro inocente perecer no cárcere da insensatez.
Essa Gazeta não merece mérito, afinal, não quebrou paradigma algum, apenas aplicou o conceito já existente de jornalismo, ou seja, o compromisso com o interesse público presente em todos os fatos jornalísticos que elegemos e divulgamos.